World of Wine: Um dia no fascinante ‘mundo do vinho’

Vivido pela Embaixadora dos Territórios Vinhateiros de Portugal

Era sexta-feira, 15. Precisamente a meio do mês de novembro de 2024. Fiz as malas, abasteci o carro e segui, com pouca bagagem mas de coração expectante em direção a norte. Nas colunas ecoava a belíssima voz de Rui Veloso, homem do rock que deu origem a variadíssimas canções que Portugal sabe orgulhosamente de ‘cor e salteado’. O tempo estava ameno e lá fora adivinhava-se chuva. Quase como se a água fosse capaz de abençoar um fim de semana que viria a guardar nas minhas mais inesquecíveis memórias.

O destino final era Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto, mas a primeira paragem não tardaria a aproximar-se e aconteceu a meio caminho da viagem. Como amante que me tornei do vinho, estava ali a desculpa perfeita para um jantar bem gastronómico a aliar o leitão assado no forno ao espumante. Dúvidas não existem: tinha chegado à Bairrada. Abri as portas de entrada que davam acesso à Floresta dos Leitões e mentalizei-me sobre a certeza de que ia passar a ser conhecedora de um dos casamentos gastronómicos mais emblemáticos de Portugal.

O couvert, por si só, já era capaz de satisfazer, mas guardei-me para a refeição principal, em boa companhia. Em poucos minutos chegou à mesa o tão aguardado leitão. Levei a primeira ‘garfada’ à boca e testemunhei a união perfeita entre a crocância e a maciez de toda a iguaria. Deliciei-me, mas estava longe de ficar por ali. Servido à temperatura adequada, harmonizei o leitão com o refrescante São Domingos Bruto Tinto. Na boca, lembrou-me o ‘gosto’ das frutas silvestres e dos morangos e, por isso, o nariz não enganava: eis uma proposta extremamente frutada para aliar, naquela noite, ao ‘rei’ da Bairrada. Um desfecho, por ali, perfeito, portanto!

Satisfeita, a todos os níveis, prossegui viagem — que ainda era longa. Músicas que desde sempre associei ao norte do país continuavam a fazer-se presentes. Na verdade, sempre me fez sentido entrar verdadeiramente na essência dos locais para onde me desloco (sejam eles quais forem) e aqui não foi, de facto, exceção. E foi com esta inspiração que entrei em terras gaienses. A unidade hoteleira onde pernoitei localizava-se a escassos metros do mar. Da janela podia ouvir o ruído das ondas que batiam ferozmente contra as rochas, em contraste com uma cidade calma. Como previsto logo no início desta viagem, o mau tempo invadia o país. No entanto, como se diz em bom português, “depois da tempestade viria a bonança”.

A primeira noite em território gaiense tinha passado. O despertador tocou pouco tempo depois de os primeiros raios de sol me brindarem com a sua presença. Adivinhava-se um bonito dia, mas não consegui prever no momento no quão magnífico se tornaria. Depois de tomar um pequeno-almoço bem reforçado, voltei a colocar as mãos no volante e poucos minutos depois lá estava eu no parque de estacionamento de um dos espaços culturais e turísticos, atrevo-me a dizer, mais incríveis do país: o World of Wine, comumente conhecido

por WOW. Se tinha a pré-conceção de que tinha sido criado apenas destinado aos entusiastas pelo mundo do vinho, rapidamente fui desenganada. Explico-vos o porquê!

Como muitos sabem, o WOW dedica-se a explorar o universo do vinho, sim, mas também a gastronomia e, claro, a cultura portuguesa. Ali, rodeado pela zona histórica de Vila Nova de Gaia e de onde quase se sente o aroma do rio Douro, criam-se experiências únicas, interativas e envolventes. O melhor de tudo? Não importa a idade dos visitantes nem os seus gostos pessoais, porque quem passa pelo WOW sentir-se-á rapidamente acolhido e fascinado. Mesmo assim, naturalmente, duvido que haja quem saia do World of Wine sem ficar absolutamente rendido ao fascinante mundo do vinho e a tudo o que lhe é inerente.

Mas, afinal, o que me deu a possibilidade de conhecer o WOW? A história é longa, embora muito bonita, e começa no ano de 2023 quando, em setembro, me atribuíram o título de Rainha das Vindimas do Concelho do Cartaxo. A decisão de um painel de jurados levou-me a, durante um ano, trabalhar arduamente e a conhecer o que em tempos nunca conheci: a cultura do vinho português. Um ano depois, lá estava eu a representar o meu município na eleição nacional da Embaixadora dos Territórios Vinhateiros de Portugal, promovida pela Associação de Municípios Portugueses do Vinho (AMPV). E a história repetiu-se! Foi-me dado novamente o voto de confiança de por mais um ano poder saber, conhecer, representar e apaixonar-me ainda mais por este produto rico e que é tão nosso: o vinho. Uma das recompensas deste desafio acabou por ser a oportunidade, proporcionada pelo WOW e a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, de conhecer o World of Wine. E, naquele mês de novembro, lá estava eu pronta para mergulhar numa experiência absolutamente imersiva pelo universo vitivinícola e pelas tradições mais expressivas do nosso Portugal.

Começo por confessar que já tinha sido alertada para a dimensão do WOW, mas convenci-me de que conseguiria conhecer todos os seus espaços, formados em 2020 em antigos armazéns de vinho. Alma ingénua! Tinha apenas um dia para usufruir da experiência sendo que acabei por percorrer somente quatro deles, tendo ‘deixado para trás’ o The Art of Drinking – The Bridge Collection, o Porto Region Across The Ages e ainda o The Atkinson Museum. Porém, os restantes, fica aqui a garantia, esmiucei-os bem e, posso admitir, entreguei-lhes o devido tempo.

Na verdade, não sabia bem por onde começar. A oferta era grande e tentadora, porém, assim que entrei no átrio da receção do World of Wine e depois de ter confirmado que tudo estava alinhado para iniciar as visitas virei-me para o lado direito. ‘Planet Cork’, li. E para lá me direcionei. Pensei ‘por que não começar com chave de ouro a celebrar o valor cultural, ambiental e económico da cortiça?’ E assim foi! O ‘Planet Cork’, em português, ‘O Planeta da Cortiça’ foi, possivelmente, uma das exposições que mais me fascinou. É, como o próprio nome indica, dedicada a um dos produtos mais icónicos e característicos de Portugal: a cortiça.

Como se sabe, este material com origem vegetal, nomeadamente dos sobreiros, tem uma enorme importância para a economia e para o ambiente português e é explorado de forma única no ‘Planet Cork’. Isto para não mencionar no que mais me impactou: praticamente em todos os cenários se vê cortiça atrás de cortiça. Tudo isto num ambiente criado para parecer que estamos na natureza, rodeados da fauna e da flora associada a este produto.

Enquanto isto, aprofundava o meu conhecimento que, antecipo já, era pouco. Viajei pela história, reconhecendo o uso ancestral da cortiça até aos tempos modernos; conheci o processo de produção; os seus diversos usos, quer sejam em rolhas de vinho ou em roupas, sapatos, mobiliário e até tecnologias de construção e design arquitetónico; percebi o quão sustentável a cortiça é e como pode ser usada de forma absolutamente inovadora. Mas há mais!

Experiências imersivas não faltaram. Sabia que no ‘Planet Cork’ existe uma balança que consegue calcular o seu peso em rolhas? Por exemplo, no meu caso, peso 11 994 rolhas de cortiça. Surreal! Sabia ainda que pode personalizar rolhas de vinho e observar ao mesmo tempo todo o processo da maquinaria especializada? E fazia ideia que nas explosões que simulam nos filmes é utilizada cortiça para dar a noção do grande aparato sem que os atores se magoem? Questiono ainda: tem curiosidade em desfilar numa passarela? No ‘Planet Cork’ também o pode fazer ao mesmo tempo que aprecia várias produções de moda em que a cortiça é a grande protagonista.

E foi com pena, mas com mais sabedoria, que me despedi da primeira e extraordinária experiência no World of Wine. Porém, na verdade, mais viriam! Próxima aventura? Estava finalmente na hora de conhecer, de uma forma totalmente inovadora, o mundo do vinho no ‘The Wine Experience’, em português, ‘A Experiência do Vinho’. Recordo-me de antes de entrar pelas portas automáticas de ‘sacar’ da faixa que me foi atribuída enquanto Embaixadora dos Territórios Vinhateiros de Portugal. Captei, no momento, a imagem que guardo na galeria do telemóvel, mas, mais importante, na memória de quem estava extremamente grata e se preparava para viver mais um momento feliz na vida.

Um copo a ser constantemente servido de vinho: foi o primeiro elemento que me chamou à atenção no ‘The Wine Experience’. Duvido que haja um apreciador do ‘Néctar dos Deuses’ que não quisesse ter, bem perto, um daqueles. Logo depois, desloquei o olhar para o lado oposto. Em plasmas gigantes fui levada a viajar pelas bonitas paisagens que as vinhas são capazes de originar. Pergunta: conseguiria distinguir, pelas caraterísticas do território, qual região do mundo a que uma determinada vinha pertence? Pois esse é o primeiro desafio proposto por este espaço. Não adivinhei tudo, é um facto, mas também não posso dizer que fiquei ‘a zeros’. Pelo menos a de Portugal, sem qualquer tipo de dúvida, reconheci e isso já me deixou, de certa forma, realizada.

Sabe distinguir as uvas de mesa das uvas adequadas para fazer o vinho? Conhece todas as fases pelas quais passa a videira? E os solos das várias regiões do país, seria capaz de os distinguir apenas com contacto visual? Pois logo nos primeiros minutos de visita ao ‘The Wine Experience’ vai ver todas estas questões serem respondidas. Isto destacando o facto de poder ‘entrar’, literalmente, dentro da polpa e da grainha de uma uva gigante.

E castas? Sabe o que são e quais as mais expressivas no mundo e em Portugal? Isso também facilmente se resolve numa outra área em que dezenas de quadros recebem ilustrações que representam as diferentes variedades de uvas. Sendo eu uma mulher do Ribatejo e, no que toca aos vinhos, da região Tejo, não me posso esquecer da pintura da nossa Castelão, representada com um campino, montado no seu cavalo branco e de pampilho ao alto inserido numa paisagem vinhateira.

Antes de ‘encerrar’ esta parte do museu, saiba ainda que pode, através de um questionário acerca dos seus gostos, descobrir que tipo de casta poderia ser. Se tiver curiosidade, a tecnologia afirmou-me como uma Garnacha, que é como quem diz, “uma das castas de vinho tinto mais viajadas do mundo” e que gosta de “‘dançar’ qualquer estilo de vinho, desde rosés leves e frutados até tintos encorpados, com excelente capacidade de envelhecimento”. Interiorizei, gostei, fiquei contente e segui ‘viagem’.

E quando escrevo ‘viagem’ uso o termo praticamente de forma literal. É que depois de passar por um corredor com várias imagens que representam todo o processo da vindima; de observar, implementado num tonel, o grafismo de como a fermentação se dá; e ainda de entrar, literalmente, dentro de uma pipa ‘gigante’, confrontei-me com duas portas automáticas que me deram acesso a todas as regiões do nosso país — sim, leu bem. Num único espaço, cada visitante tem a oportunidade de ‘passear’ pelas ruas de norte a sul de Portugal exatamente com as características que as distinguem. Além disso, é possível conhecê-las de perto, as suas tradições e os seus costumes, representadas ao pormenor em cada uma das salas, que é como quem diz, ‘casas’, criadas para este efeito.

Até aqui já estava mais do que satisfeita, porém, não tardou para que voltasse a ser surpreendida por algo que, na verdade, muito aprecio: mais umas quantas experiências imersivas. E, agora, para me levar a perceber, ainda com maior rigor, o quão fascinante e específico o mundo dos vinhos pode ser.

Numa nova área, apercebi-me que existiam vários pratos nos quais se podia encontrar uma espécie de gomas. Franzi as sobrancelhas e pensei ‘o que será que vem aí?’. Desconfiada, comecei a ler as instruções sobre a experiência e lembro-me de ter sido algo deste género: ‘aperta com a mão o nariz, mantém, retira uma goma, prova e mastiga-a’. Assim o fiz! Recordo-me de não ter sentido qualquer sabor e de ter ficado absolutamente admirada, o que me levou a seguir com mais atenção a indicação, bastante simples, seguinte: deixar de estar a apertar o nariz. Imediatamente o paladar detetou um sabor semelhante ao que me pareceu algodão doce. A explicação de tudo isto? Está diretamente relacionada com o processo de perceção do sabor, que depende sempre de dois sentidos: o gosto, sentido nas papilas gustativas, e o olfato, sentido que provém do cheiro. Incrível, certo? Só mesmo o WOW para me levar a pensar, em concreto, acerca de algo tão simples na nossa vida.

Seguia-se o próximo desafio. Numa sala, que funcionava também como espaço de espera para uma última e brilhante experiência — uma prova de vinhos — fui convidada a testar, literalmente, o meu nariz. Em diferentes recipientes a experiência agora estendia-se à minha capacidade olfativa. Lá, por instantes, recuei uns meses atrás, recordando o quão difícil para mim era detetar, no vinho, os seus aromas. Com algum, que é como quem diz, bastante treino fui aprimorando esta capacidade ao longo do tempo e ali tive uma certeza: pelo menos, ao nível de nariz e na perceção de aromas, estava praticamente ‘no ponto’. E foi desta forma que se reuniram as condições para me despedir do ‘The Wine Experience’. Contudo, não sem antes, claro, participar numa prova de vinhos.

O Vinho Branco Sílica Raul Riba d’Ave – Douro 2023, o Vinho Tinto Sílica Raul Riba d’Ave – Douro 2021 e o Taylors LBV Porto 2019 foram os três e únicos protagonistas. Estávamos cinco visitantes na experiência e a guia do museu levou-nos numa ‘viagem’ sobre como se efetuava uma prova, desde o simples (mas tão importante) detalhe de como se deve agarrar o copo, a atenção à análise visual, ao reconhecimento dos aromas no nariz (e como libertá-los) e ainda, naturalmente, às sensações dos respetivos vinhos na boca e depois de se provar. Terminei, assim, esta ‘Experiência do Vinho’ com chave d’ouro: disso tenho eu a certeza!

Agora, com a garganta mais hidratada, estava na hora de consolar o estômago. Eram perto das duas horas da tarde e saí das instalações do World of Wine. Em poucos minutos estava na baixa de Vila Nova de Gaia a desfrutar de um belo almoço, tipicamente português, com vista para o rio Douro. Por sorte, uma tuna de uma faculdade das redondezas atuou mesmo em frente ao restaurante, trazendo consigo uma animação muito aprazível (e tradicional) àquele momento de refeição. Admito, no entanto, que fiz por me apressar. O tempo ‘escorria-me’ pelos dedos e ainda havia muito que queria experienciar no WOW.

E a escolha do museu seguinte a visitar pareceu-me a mais acertada, até porque nada melhor para arrematar um belo prato típico portuense do que com… chocolate! É, portanto, fácil de entender: a próxima ‘paragem’ deu-se, então, no ‘The Chocolate Story’. Atrevo-me a dizer que é o verdadeiro paraíso para os amantes desta mesma delícia. Por lá, é impossível não percecionar, desde o primeiro segundo no espaço, o aroma a chocolate — simplesmente maravilhoso.

Se esta é uma viagem pela história do chocolate? Sim, mas também, assim como nos museus que aqui já descrevi anteriormente, trata-se de uma verdadeira imersão no processo de criação de um dos produtos mais adorados do mundo. Mal se entra, somos diretamente transportados para um cenário que conta toda a evolução do cacau, desde as suas origens nas florestas tropicais sobretudo da América Central e do Sul até à sua transformação numa iguaria globalmente apreciada. O ambiente? Absolutamente deslumbrante! Somos inseridos numa verdadeira paisagem natural e, de repente, a sensação que temos é a de que não estamos mais na cidade nem sequer no nosso país. Curiosidade: sabia que nos dão a oportunidade de provar cacau puro? Na verdade, pode fazê-lo, até porque faz parte da experiência, mas se conseguir apreciar dou-lhe os meus parabéns, porque eu, efetivamente, tive de desistir a meio do processo.

Outra das grandes atrações desta ‘História do Chocolate’ é a possibilidade de testemunhar, ao vivo, o processo de fabrico do chocolate. Cada visitante pode observar como o cacau é transformado em várias variedades de chocolate, acompanhando cada passo da sua produção, desde a moagem até à criação das mais deliciosas barras e trufas. Nesta parte do museu não há como os apreciadores de chocolate não ficarem com ‘água na boca’ e, para se deliciarem, podem mesmo fazer uma degustação. No meu caso, fi-lo em modo de harmonização com uma das propostas de Vinho do Porto disponíveis. Provei, ‘casando’ com este ‘Néctar dos Deuses’, três tipos de chocolate: um com um toque de flor de sal, outro de menta e ainda uma terceira opção com sabor a chili. Recomendo!

A tarde já seguia longa e o escurecer do dia não tardou a surgir. Naquele momento, tive de tomar uma decisão e escolher apenas só mais um dos espaços do World of Wine para visitar. Confesso que este já o tinha ‘na mira’ antes mesmo de chegar a Vila Nova de Gaia. E, até quando saí de casa naquele dia pensei nele! A verdade é que não escolhi um visual em tons de cor-de-rosa por mero acaso. Tudo aconteceu porque queria ao máximo entrar ‘a rigor’ no ‘Pink Palace’! Este era, talvez, o espaço em que depositei mais expectativas e, ‘spoiler alert’, cumpriu com distinção.

Imagina um mundo todo em cor-de-rosa? Se um dia o pretender perspetivar, então o ‘Palácio Rosa’ é claramente uma opção viável. Se, além disso, for apreciador de vinho rosé, então tudo está alinhado para fazer obrigatoriamente uma visita a este espaço de estética moderna e acolhedora no WOW. Mal entrei fui recebida por uma funcionária do museu de sorriso no rosto. Entregou-me uma pulseira com cinco ‘pins’ e deu-me a indicação de que os deveria retirar assim que provasse cada vinho — como devem calcular, o meu interesse subiu em larga medida. Depois de um ‘divirta-se na experiência’, eis que as portas se abriram e lá iniciei esta aventura neste literal ‘mundo cor-de-rosa’.

Reparei que todo o interior do museu foi cuidadosamente pensado e desenhado, novamente com espaços interativos e ‘displays’ que tornaram a experiência ainda mais rica e interessante. Em cada fase, além de se provar um tipo de rosé diferente, pude ficar a par da história e da evolução deste tipo de vinho, contadas através de uma narrativa muito visual a misturar a tradição e a modernidade. Além disso, não vou negar o facto de que os cenários foram, entre todos os que conheci no World of Wine, os mais ‘instagramáveis’.

No ‘Pink Palace’ tive ainda a oportunidade de deixar vir ao de cima a minha criança interior e, graças a isso, mergulhei, literalmente, numa piscina de bolas cor-de-rosa. Mas não me fiquei por aí! Deitei-me dentro de uma banheira que mais parecia ser feita de ouro; entrei, mesmo ao jeito de Hollywood, num grande Cadillac e, surpreenda-se, nem uma garrafa de vinho ‘gigante’ me escapou. Mesmo no fim da experiência (e da última prova de vinho) fui igualmente surpreendida com um cenário texano. De repente, foi como se estivesse do outro lado do Atlântico naqueles típicos bares norte-americanos retratados no cinema internacional. Aí, inclusive, sem qualquer tipo de talento para tal, desloquei-me a um piano acessível a todos e tentei de alguma forma explorar uma habilidade que acabou por se comprovar que não tinha. Valeu a tentativa!

Chegou desta forma ao fim um dia intenso, repleto de experiências, de novas descobertas e sensações intensas. Saí deste ‘Palácio Rosa’ com um sorriso nos lábios e o sentimento de uma mulher mais completa, com mais conhecimento, com mais vida. Vila Nova de Gaia e o World of Wine tinham superado todas as minhas expectativas. A cidade e o museu foram capazes de me oferecer uma imersão real e total no que de melhor o nosso país tem para oferecer no que toca ao mundo dos vinhos, da gastronomia, e, claro, da cultura. Cada parte deste espaço museológico e cada uma das experiências fizeram-me aproximar ainda mais, e de uma forma única, daquilo que faz de Portugal um país tão especial.

Enquanto escurecia e me despedia do norte do país, vi refletidas as luzes da cidade nas águas do Douro. Senti paz. Toda esta viagem, repleta de histórias que ainda ficam aqui por contar, havia deixado na minha memória uma marca. E foi assim que disse ‘adeus’ a Vila Nova de Gaia, com o coração leve, realizado e feliz. Saberei que, ao longo da vida, sempre que sentir o aroma do vinho, o sabor do chocolate, o desejo de uma vida ‘cor-de-rosa’ ou a brisa do norte voltarei, inevitavelmente, aqui.